terça-feira, 22 de setembro de 2009

“Entre les murs”

Nascer, engatinhar, andar, iniciar as primeiras palavras. E depois?
Há toda uma cronologia na vida que é uma espécie de regra dos primeiros passos. É o principio, para que aquela criança um dia se torne independente.
Ansiedade, insegurança, felicidade, sono, novos amigos, lições. Chamar aquele personagem de tia ou professora?

Estes são sentimentos que todos passam um dia, às vezes com boas lembranças outras nem tão boas assim. O fato é que cedo ou tarde chega à hora de encarar a escola pela primeira vez. Ao entrar nesse novo mundo, mal sabemos o quão importante aquilo se tornará para nossas vidas.

Mas porque me lembrei dos tempos de colégio? Vamos ao que de fato interessa!

Ao assistir o filme francês “Entre os Muros da Escola” (Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2008) de Laurent Cantet, fui levada a um retrospecto dos meus dias no colégio. O que nunca aconteceu, em uma longa metragem hollywoodiana.

Como todas as garotas um dia fui “fascinada” pela realidade americana das telinhas na ‘sessão da tarde’. Em que as escolas eram enormes, com um menino galã que namorava uma chee leader malvada, e que no final ficava com a estudiosa quietinha. Só mudavam os personagens, entretanto o estereótipo da história sempre era o mesmo.

“Entre os muros da escola” apesar de um filme que retrata o subúrbio de uma escola européia, muito se aproxima das salas de aula brasileira. Uns dos aspectos que mais me chamou a atenção.

Laurent fez o trabalho mais fiel possível da realidade, em que evidencia uma sala de aula com alunos problemáticos e desinteressados (Souleymane e Chérif), as lideres de sala com um senso crítico para tudo (Esmeralda e Khoumba), o bom aluno que tem problemas familiares (Wey), o gótico que quer ser diferente sendo igual (Arthur), entre outras personalides que se enquadram perfeitamente quando lembro dos meus tempos de 8ª série.

O filme é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau, que retrata um professor de francês, com o difícil serviço de dar aulas para uma turma bem complicada. Dentre a árdua tarefa de lidar com alunos africanos, árabes, asiáticos e europeus entre 13 e 14 anos -em que o desrespeito é algo constante- o professor se vê diante da problemática da diversidade cultural.

Um longa que constantemente nos leva para dentro daquela sala, como se fossemos personagem do próprio filme. A câmera não para, está em constante movimento, dando a quem o assiste a sensação de documentário. Uma sena que deixa isso perceptível é quando o professor Fraçois fixa as fotos de Soleymane no quadro – o aluno problema – e a câmera passa pelas fotos como se fosse o nosso olhar diante delas.

Outro ponto que fixa a atenção durante o filme são as formas verbais utilizadas, tanto do professor como dos alunos: “quem é você para me mandar ler alguma coisa?”. Cena em que Fronçoi pede que a aluna Khoumba lei um trecho do livro “O diário de Anne Frank” e ela se recusa. O desfecho se dá em uma discussão. Um outro ponto forte são os personagens do filme serem interpretados por alunos e professores de verdade. E não por atores profissionais. Algo que realmente aproxima o espectador da história.

Essa extensão que Cantet fez com “Entre os muros” foi uma forma brilhante de mostrar a dificuldade do aluno e do professor em sala. Já virou clichê falar que ao entrar no trabalho os problemas ficam para trás. Isso é algo difícil de fazer, tanto para quem trabalha quanto para quem estuda.

As dificuldades de vida de cada aluno fora da escola impactam diretamente no comportamento estudantil. É o chamado ‘entre os muros da escola’. Através de suas lentes Cantet mostra a real dificuldade étnica de se trabalhar em uma escola da periferia francesa, que hoje para a realidade escolar brasileira seria não uma dificuldade do âmbito étnico, mas sim de cunho social.

Este é um longa que mais do que ler sobre, você tem que assistir e tirar suas próprias conclusões, pois o diretor deixa livre com o final do filme para que a reflexão sobre o tema aconteça. É um filme que alunos e professores irão se identificar, e assim como eu quem já foi aluno um dia, irá lembrar dos “doces” tempos de colégio.

Mariana Bernun

7 comentários:

  1. Muiiiito bom seu texto! Estou orgulhosa de vc
    bjuss
    sua mãe

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  2. Ah, que lindoo a mãe comentando!!

    =D

    então né rsrsrs

    MUITO BOM o post vew... só não sei onde vou encontrar o filme =(

    BJS!!

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  3. hehehe Mãe não conta (é café com leite) haushuas (TE AMO MÃE)

    Mas então Luh eu tenho o filme pra você assistir!

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  4. Demorô prá me convidar para assisti-lo então heim!

    aushuahsuahsuahsuhaush

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  5. Muito bom seu texto! Estou orgulhosa de você.
    bjus
    seu pai

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