domingo, 26 de setembro de 2010

Pedro Mariano: a dupla de um

Em agosto, nos dias 20 e 21, o Auditório Ibirapuera recebeu o cantor Pedro Mariano. Não, não estou enganado. É “o cantor” e não “os cantores”. Ao contrário do que alguns imaginam, não é Pedro “e” Mariano e não é uma dupla sertaneja.

É estranho imaginar que um dos maiores nomes da nova MPB ainda precise de apresentação, mas como para alguns ainda é necessário, olha o currículo do rapaz: Pedro Camargo Mariano, 35, já lançou sete discos ao longo de seus 15 anos de carreira, além de várias participações em projetos musicais, como os “Artistas Reunidos” e “Um barzinho, um violão”, e parcerias com artistas como Luciana Mello, Zélia Duncan, entre outros. Pedro tem a música no DNA, é filho do pianista César Camargo Mariano e da cantora Elis Regina. Para completar a linhagem, ele é também irmão da nova sensação da MPB, Maria Rita, e do produtor musical João Marcello Bôscoli.

No Auditório Ibirapuera,Pedro apresentou o show “Incondicional”, inspirado no álbum de mesmo nome. A performance dispensa comentários. Sempre bem humorado Pedro entreteve e divertiu a platéia. Durante a apresentação, o cantor relembrou dos desafios que enfrentou para lançar seu último disco e se emocionou ao cantar “Simplesmente”, carro-chefe do álbum. Além disso, ele envolveu a plateia com os grandes hits de sua carreira, como “Voz no ouvido”. O clima estava tão empolgante, que o público até relevou o erro na letra de “Poder”.

O talento dele não se resume ao canto. Durante o show também mostrou sua habilidade tocando percussão e bateria, além dos passinhos de dança, gingado e a reboladinha, bem peculiares e pessoais.

Agora que as apresentações já foram feitas, não percam os próximos shows, comprem o CD e ouçam bastante, porque vale à pena. E, mesmo que não seja uma dupla, ele vale por dois.
Por Antonio Saturnino - colaborador do blog


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Mombojó, conhece?!

O Mombojó, banda brasileira da cidade de Recife (PE), lançou, nesta semana, o engraçado clipe da música "Papapa", primeiro clipe oficial do mais novo cd, intitulado "Amigo do Tempo".
O novo vídeo, com direção de Fernando Sanches, foi inspirado nos seriados japoneses da década de 90 e conta com diversas coreografias.
O grupo, tem nos últimos anos, se destacado dentro do cenário alternativo nacional, com ótimas melodias, influenciadas por diferentes estilos musicais como Jazz, Indie-Rock, MPB, Eletrônico e Samba. 
As letras, ora reflexivas, ora românticas, chamam a atenção, pela simplicidade, pelo humor e pelo sentimento, como também pelo sotaque nordestino tão característico do vocalista Felipe.
Formado em 2001, o primeiro álbum do Mombojo só foi lançado em 2004 com o nome "Nadadenovo", seguido em 2006 pelo disco "Homem-Espuma".
Todos os álbuns estão disponíveis, gratuitamente, para download no próprio site da banda.
Atualmente o Mombojó segue com a turnê do mais recente álbum, ainda sem data de apresentação nos palcos paulistanos.
Entre as músicas mais aguardadas e mais pedidas nos shows, estão "Cabidela", "Adelaide", "Deixe-se Acreditar", "Casa Caiada" e "Duas Cores".
Para saber mais informações acesse o MySpace ou o site oficial, clicando aqui.

domingo, 16 de maio de 2010

Filho de peixe, peixinho é

O Studio SP foi o palco para a comprovação de que filho de peixe, peixinho é. A casa reuniu, no dia 11 de abril, os cantores Max de Castro e Wilson Simoninha, filhos de Wilson Simonal, e Jair Oliveira, filho de Jair Rodrigues, que mostraram o melhor da atual música popular brasileira.

Desde às 19h o DJ já agitava o público que já enchia a casa para o show que só começaria às 22h. Casais formavam-se ao som de clássicos do samba-rock, samba e bossa nova.

Pouco depois das 22h, com a plateia já aquecida, os cantores sobem ao palco. Após serem feitas as formalidades, Jair Oliveira abre a apresentação cantando seus maiores sucessos e clássicos, como “Olhos coloridos”. Depois os irmãos Max de Castro e Wilson Simoninha cantaram grandes sucessos do samba e Simoninha, o aniversariante da noite, se permitiu ousar e cantar “Agosto”. Uma música de letra muito romântica e envolvente, que fez o público soltar a voz.
O show contou com a participação de vários musicistas e, de repente, já não havia mais espaço no palco. Grandes sambistas e instrumentistas foram prestigiar os amigos que, na noite, provaram que talento eles tem de sobra e que aprenderam direitinho a lição em casa. Não é história de pescador! Esses são grandes peixes.

Antonio Saturnino - O mais novo colaborador do blog

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Jackson - O Rei do Ritmo

Destaque no Sesc Santo André, a exposição Jackson do Pandeiro traz para o ABC a vida e a obra de um dos ícones da música popular brasileira. A mostra inclui documentários, fotos e objetos de uso pessoal do próprio artista.

Considerado o rei do ritmo, Jackson misturava em suas músicas gêneros como frevo, marchinhas de carnaval, forró, baião e samba. Essa combinação fez dele um dos artistas brasileiros mais influentes na década de 50.

Para o programador da exposição, Rafael Spaca, um dos motivos da mostra é apresentar para as novas gerações um pouco da origem e da história da música brasileira.

"O caráter desse projeto é educativo também, não é um show, tem todo um contexto. Então a nossa idéia era essa, mostrar para as pessoas que às vezes a pessoa gosta do forró, mas gosta daquele forró universitário, não conhece o forró que o Jackson do Pandeiro ajudou a criar. Então é mostrar essa história da música, é legal ouvir, é legal dançar, mas é importante também conhecer a história que dela fazemos parte, e o Jackson é um dos caras que fizeram essa história", contou Spaca.

Músicas como Chiclete com Banana e Sebastiana estão entre as mais famosas da obra desse artista que até hoje é apontado como uma referência musical de ícones como Gillberto Gil, Zé ramalho e Fagner.

Para a aposentada e visitante da exposição, Cândida de Fátima, 60 anos, músicas como a Jackson fazem falta pelo ritmo e pela simplicidade das letras:

"Eu sinto muito falta de música brasileira boa como daquela época, e que tem raízes, eu gostava bastante", comentou Fátima.

A exposição gratuita segue até o dia 21 de maio no Sesc Santo André. Para mais informações acesse o site: www.sescsp.org.br.

Ouça abaixo a matéria em formato de radiojornal:

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Despertar da Primavera em SP

Era domingo o teatro estava com a platéia quase cheia dividida entre pais, filhos e amigos. Era a 18ª apresentação do musical O Despertar da Primavera. O soar da campanhinha anunciava o início de uma viagem sem passagem de volta.
Durante todo espetáculo eram percebidos olhos atentos, algumas risadas, algumas indignações e entre uma música e outra, sonoros aplausos dos 856 espectadores que lotaram a capacidade do teatro.
Acontecia naquele momento o mais ousado musical da Broadway...

Sim ousado!

A peça retrata as dúvidas, inseguranças, e os conflitos da juventude. A sexualidade é tema central seguido de assuntos como estupro, incesto e suicídio. Foi escrita em 1891 pelo alemão Frank Wedeking, que submeteu à sociedade da época muita polêmica. Este conservadorismo do século XIX também é um coadjuvante importante na peça, no qual, é mostrada a opressão com os jovens por parte da igreja, dos pais e também no meio escolar. Entretanto, a coragem em lidar com assuntos como estes não foram bem quistas aos olhos dos tradicionalistas, logo a peça foi proibida na Alemanha.

A obra só recebeu destaque em 2006, quando ganhou de Duncan Sheik e Steven Sater a versão em musical. A mistura do rock´n´roll com o texto clássico de 1891, fez com que as críticas após 25 anos da peça original, fossem positivas. Desde a estréia na Broadway já são oito prêmios Tony, incluindo melhor musical, melhor texto e melhores letra e música.

No Brasil ‘O Despertar da Primavera’ chegou apenas em 2009, com a adaptação dos diretores, Charles Moeller e Claudio Botelho. Já consagrados pelos musicais ‘A Noviça Rebelde’, ‘Avenida Q’, ‘Beatles Num Céu de Diamantes’, entre outros. Mas com certeza o despertar ficará entre os primeiros musicais mais comentados dos diretores pelo tom juvenil e polêmico que contém.

Apesar de o momento ser o auge da modernidade e dos avanços tecnológicos ainda existe o tal do preconceito na sociedade. É por isso que é pertinente quando temas como os que foram levantados há dois séculos, sejam reiterados nos dias de hoje. Pois mesmo com o passar dos anos ainda sim são tabus a serem quebrados e discutidos.

No final desta 18ª apresentação em São Paulo do "Despertar" fui tomada pela magia sonoridade e excelência de um dos melhores musicais que já assisti. Recomento!

Mariana Bernun

O Despertar da Primavera está no Teatro Sérgio Cardoso - Praça Rui Barbosa, 153, Bela Vista, Zona Oeste, São Paulo - SP ; quinta e sábado às 21; sexta às 21h;sexta às 21h30; domingo, às 18h. Ingressos custam R$ 50 (quinta) e R$ 60 (sexta a domingo).

domingo, 4 de abril de 2010

Quando o Samba nasce do berço

Apagam-se as luzes. Abrem-se as cortinas. Do fundo do palco escuro surge uma voz doce, acompanhada por um violão, cantando:

“Estava eu sossegada, o samba se aproximou. Como quem quer quase nada, meu coração conquistou. Chegou seduzindo, falando baixinho, chegou no ouvido, me levou no papo e no sapatinho.”

Com os versos iniciais de “O Samba me Cantou”, o multi-instrumentista Jair Oliveira e a cantora Luciana Mello subiram ao palco nos dias 11 e 12 de março no Sesc Pinheiros, em São Paulo, e, exatamente como quem quer quase nada, conquistaram e seduziram a platéia com carisma e talento.

Os irmãos, filhos de Jair Rodrigues, convivem com o samba desde pequenos e levaram, em quase uma hora e meia de show, o público, de todas as idades, a se emocionar, aplaudir e sambar com um repertório de sambas tradicionais de Pixinguinha, Paulinho da Viola, Djavan, entre outros, e sambas de composição do próprio Jairzinho.

Destaque para a música inédita “Samba da Doca”, samba de primeira linha, composta por Jair Oliveira e Seu Jorge.

Os shows fazem parte da turnê de lançamento do CD-DVD “O Samba me Cantou”, gravado em fevereiro de 2009 no auditório do Ibirapuera.

Ouça, é impossível ficar parado, mesmo se você não gosta tanto de samba.

Uma nova apresentação da dupla está marcada para o dia 23 de abril no HSBC em São Paulo. Confira abaixo trechos do show realizado no Sesc Pinheiros, no dia 12 de março :

terça-feira, 22 de setembro de 2009

“Entre les murs”

Nascer, engatinhar, andar, iniciar as primeiras palavras. E depois?
Há toda uma cronologia na vida que é uma espécie de regra dos primeiros passos. É o principio, para que aquela criança um dia se torne independente.
Ansiedade, insegurança, felicidade, sono, novos amigos, lições. Chamar aquele personagem de tia ou professora?

Estes são sentimentos que todos passam um dia, às vezes com boas lembranças outras nem tão boas assim. O fato é que cedo ou tarde chega à hora de encarar a escola pela primeira vez. Ao entrar nesse novo mundo, mal sabemos o quão importante aquilo se tornará para nossas vidas.

Mas porque me lembrei dos tempos de colégio? Vamos ao que de fato interessa!

Ao assistir o filme francês “Entre os Muros da Escola” (Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2008) de Laurent Cantet, fui levada a um retrospecto dos meus dias no colégio. O que nunca aconteceu, em uma longa metragem hollywoodiana.

Como todas as garotas um dia fui “fascinada” pela realidade americana das telinhas na ‘sessão da tarde’. Em que as escolas eram enormes, com um menino galã que namorava uma chee leader malvada, e que no final ficava com a estudiosa quietinha. Só mudavam os personagens, entretanto o estereótipo da história sempre era o mesmo.

“Entre os muros da escola” apesar de um filme que retrata o subúrbio de uma escola européia, muito se aproxima das salas de aula brasileira. Uns dos aspectos que mais me chamou a atenção.

Laurent fez o trabalho mais fiel possível da realidade, em que evidencia uma sala de aula com alunos problemáticos e desinteressados (Souleymane e Chérif), as lideres de sala com um senso crítico para tudo (Esmeralda e Khoumba), o bom aluno que tem problemas familiares (Wey), o gótico que quer ser diferente sendo igual (Arthur), entre outras personalides que se enquadram perfeitamente quando lembro dos meus tempos de 8ª série.

O filme é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau, que retrata um professor de francês, com o difícil serviço de dar aulas para uma turma bem complicada. Dentre a árdua tarefa de lidar com alunos africanos, árabes, asiáticos e europeus entre 13 e 14 anos -em que o desrespeito é algo constante- o professor se vê diante da problemática da diversidade cultural.

Um longa que constantemente nos leva para dentro daquela sala, como se fossemos personagem do próprio filme. A câmera não para, está em constante movimento, dando a quem o assiste a sensação de documentário. Uma sena que deixa isso perceptível é quando o professor Fraçois fixa as fotos de Soleymane no quadro – o aluno problema – e a câmera passa pelas fotos como se fosse o nosso olhar diante delas.

Outro ponto que fixa a atenção durante o filme são as formas verbais utilizadas, tanto do professor como dos alunos: “quem é você para me mandar ler alguma coisa?”. Cena em que Fronçoi pede que a aluna Khoumba lei um trecho do livro “O diário de Anne Frank” e ela se recusa. O desfecho se dá em uma discussão. Um outro ponto forte são os personagens do filme serem interpretados por alunos e professores de verdade. E não por atores profissionais. Algo que realmente aproxima o espectador da história.

Essa extensão que Cantet fez com “Entre os muros” foi uma forma brilhante de mostrar a dificuldade do aluno e do professor em sala. Já virou clichê falar que ao entrar no trabalho os problemas ficam para trás. Isso é algo difícil de fazer, tanto para quem trabalha quanto para quem estuda.

As dificuldades de vida de cada aluno fora da escola impactam diretamente no comportamento estudantil. É o chamado ‘entre os muros da escola’. Através de suas lentes Cantet mostra a real dificuldade étnica de se trabalhar em uma escola da periferia francesa, que hoje para a realidade escolar brasileira seria não uma dificuldade do âmbito étnico, mas sim de cunho social.

Este é um longa que mais do que ler sobre, você tem que assistir e tirar suas próprias conclusões, pois o diretor deixa livre com o final do filme para que a reflexão sobre o tema aconteça. É um filme que alunos e professores irão se identificar, e assim como eu quem já foi aluno um dia, irá lembrar dos “doces” tempos de colégio.

Mariana Bernun

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Uma tarde na Pinacoteca

A Pinacoteca de São Paulo, localizada ao lado da Estação da Luz, é um dos maiores espaços artísticos da cidade.

Atualmente, a Pinacoteca expõe mais de 80 obras do renomado pintor francês Henri Matisse, além do acervo próprio que inclui pinturas de todos os períodos artísticos brasileiros.

O Espaço Cultura visitou o museu. Confira o vídeo:

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Orquestra Imperial

Show comemora Ano da França no Br

Dias 03 e 04 de setembro, quinta e sexta feira. Essa foi à data escolhida para o show ícone, do ‘Ano da França no Brasil’. Com aptidão, a Orquestra Imperial - composta com 18 grandes músicos - comandou o show que iniciou às 21h00 no Teatro Paulo Autran, SESC Pinheiros.

O espetáculo homenageou Serge Gainsbourg, figura importante da cultura Francesa do século XX. Além de um tributo, o show deu o encerramento da exposição que acontecia no SESC Paulista “Gainsbourg Artista, Cantor, Poeta etc.”

Não por acaso Serge foi o escolhido para destaque do ‘Ano da França no Brasil’. É considerado um artista à frente de seu tempo, ocupando um lugar permanente na história da música para os franceses e de influência para todo o mundo. Deixou o legado de músico, pintor, ator e diretor de cinema.

O Espetáculo ‘Gainsbourg Imperial’ marca uma harmoniosa junção do Jazz e Reggae, das composições de Serge, com arranjos de Vannier e o suingue carioca da big band.

Sem esquecer claro, das participações que deram um gostinho todo especial. Eram eles, Caetano Veloso, Jane Birkin (cantora, atriz e ex esposa de Gainsbourg) e Jean Claude Vannier – que participou na regência, voz, piano e acordeon.

Com um elenco de peso entre os músicos, a procura do show foi grande, e fez com que os ingressos acabassem em aproximadamente 20 a 30 minutos em cada rede SESC. Com isso ao chegar no dia ao local do evento era visto pessoas aglomeradas, ainda com esperança de conseguir algum ingresso.

Para aqueles que puderam prestigiar o evento, se divertiram com musicalidade de primeira, cultura, e com um repertório todo especial dedicado aos 4 séculos de relações entre Brasil e França.

Sucessos musicais como- “Bonnie and Clyde”, “Harley Davidson”, “Comic Strip”, “Ballade de Melody Nelson” e “La Javanaise” – tornaram nas pessoas olhares fixos e atentos para os artistas que ali estavam. E um dos momentos de diversão e admiração aconteceu quando Caetano Veloso chamado ao palco cantou “Je Suis Venu Te Dire que Je m’en Vais” ao lado de Birkin.

O ano da França no Brasil ou como intitulado França.Br 2009 é um intercambio que proporciona aos brasileiros e também aos franceses – como aconteceu em 2005 com o Ano do Brasil na França- um estreitamento cultural. É a oportunidade de conhecer a França em seus vários aspectos, fazendo a mistura das diversidades culturais. E esse show, ficará como uma das atrações de renome dentre às várias proporcionadas até final de 2009.

Mariana Bernun

sábado, 5 de setembro de 2009

50 anos de Casamento

O show marcado para às 21 horas começa com vinte minutos de atraso, mas isso não impede a vontade e a histeria do público. As emoções são evidentes em todos os detalhes. Sem dúvida, poucos artistas na história da música popular brasileira colecionam um público tão fiel e diversificado. No palco, o cantor grisalho é simpático, conta a história das músicas e toca todos os hits. Mas esse é o final da história. Permita-me começar de novo respeitando a “dinâmica” ordem do jornalismo atual.

São Paulo, zona sul, Santo Amaro, início da noite do dia 21 de agosto. Maria Aparecida Venâncio, mineira, 66, dona-de-casa, e João Preboir Venâncio, mineiro, 71, aposentado entram no carro em direção ao Ginásio do Ibirapuera. A programação do dia é diferente das novelas e dos rotineiros programas policiais de televisão.

O casal mudou-se para São Paulo em 1961, um ano após o matrimônio, à procura de trabalho e de melhores condições de vida. Hoje, após quase 50 anos de casamento e de residência na capital paulista, a família é composta também pelas duas filhas, Maria Efigênia e Eliana Basso, e três netos, Thiago, Vanessa e Lucas.

Pergunto à Maria Aparecida sobre o casamento e ela responde: “É muito bom estar casada, se eu puder, pretendo realizar uma grande festa de comemoração. Num casamento de 50 anos, existem momentos bons e momentos ruins, mas, se eu pudesse recomeçar, eu faria tudo exatamente igual”.

Esse é o primeiro show da vida deles, e a preparação começa horas antes do espetáculo. Maria Aparecida arruma o cabelo, se perfuma, experimenta uma, duas, três combinações de roupa. Por fim, decide ir com um sapato, uma calça social, uma camisa e um blazer. “Tenho que estar bonita para o Rei”, diz ela. João veste uma tradicional camisa branca, uma calça social preta e um sapato.

A família sai de casa e após meia hora de trajeto, estacionam o carro e entram no ginásio. Sentam-se nos respectivos locais H20 e H21 no anel superior. São 20h40, e aos poucos os lugares vazios são preenchidos.

Quando Roberto Carlos entra no palco, o ginásio inteiro delira. O show comemora os 50 anos da carreira do cantor, o artista brasileiro e latino-americano com a maior vendagem de álbuns no mundo, 120 milhões ao todo. Sucessos como “Emoções”, “Detalhes”, “Nossa Senhora”, “Lady Laura” são cantados em coro. Esse é o primeiro dos nove show realizados em São Paulo.

Após duas horas de espetáculo, as tradicionais rosas brancas e vermelhas são entregues à platéia. Roberto Carlos sai do palco. Visivelmente impressionada, Maria Aparecida declara: “Ele é um cantor completo. As músicas lembram minha infância e diversos momentos da minha vida”.

Em 50 anos de carreira, Roberto Carlos construiu um casamento com o público. Um casamento sustentado pela verdade, pelo respeito, pela fidelidade, pela fé e principalmente pelo amor, tema frequente nas letras.

Aos poucos o ginásio se esvazia. A euforia contamina as ruas. O casal se dirige ao carro. O show, naquela noite, pode ter acabado, mas ficam as fotos, as lembranças e as histórias para contar aos netos.

Thiago Luis

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

40 anos de Woodstock

Há quatro décadas ocorreu um dos maiores festivais de rock do mundo. Woodstock foi o marco da contracultura no final dos anos 60. Essa década revela um contexto de guerra e repressão nos Estados Unidos, que foi reflexo em diversas partes do mundo inclusive no Brasil. Nesse quadro conturbado que surgem os hippies, um estilo alternativo de se afastar da sociedade moderna.

Com um modo de vida totalmente liberal os subterfúgios dos jovens daquela época foram às drogas, a moda, a música – rock- e o modo de viver isolado do então sistema da época tido como “o normal de uma sociedade”.

Nessa perturbada América, que quatro jovens dimensionam seus ideais e apresentam ao mundo Woodstock. Festival que até hoje é criticado por uns e enaltecido por outros. Mas o fato é que a idéia de John Roberts, Joel Rosenman, Artie Kornfeld e Michael Lan foi o ápice da história e do Rock’n rool do final dos anos 60 início dos 70.

Mesmo com um Slogan pacífico "Three Days of Peace and Music" - Três Dias de Paz e Música - o jovens foram mal vistos pela pequena Wallkill - condado de Nova York - tidos como esquerdistas e drogados. Foi intensa a luta, até conseguir a aprovação de um novo local para o festival. Foi em Bethel, cidade rural de Nova York, Estados Unidos que os jovens encontraram o aval para Woodstock.

O som começou na tarde de sexta- feira 15 de agosto e seguiu até meados da manhã de 18 de agosto de 1969. Apesar do número de pessoas ultrapassarem as expectativas, (mais de 450 000 pessoas) fora o trânsito, não houve problemas graves diante da proporção – concretizando assim o slogan do show- os cabeludos de roupas surradas estavam todos com o mesmo propósito – paz, amor, e muito Rock’n rool.

E foi ao som de cantores como Bert Sommer, Joan Baez, Creedence, Janis Joplin, The Woo, Joe Cocker, Jimi Hendrix entre outros grandes nomes do Rock, que Woodstock se consagrou como o festival de movimento político-cultural-social dos anos 60.

Hippie Fest reporta Woodstok em São Paulo

Em comemoração aos 40 anos de Woodstock foi realizado um evento no dia 22 de agosto no Embu das Artes, São Paulo. O Hippie Fest contou com a presença de bandas como Woodstock Band que relembrou clássicos como Richie Havens “Fredom”, além das bandas Hi-Five (Creedence Cleawater Revival), Krucis (Ravi Shankar), Kaduna (Santana), Danny Vincent e Banda (Johnny Winter, Ten Years After).

Em pleno 2009 o público pode viver um pouco do que foi o marco do Rock. As vestimentas dos rockeiros presentes eram em homenagens aos grandes cantores da época e do movimento hippie atuante dos anos 60. Era visto desde crianças de colo a idosos curtindo o momento proporcionado pelas bandas covers.

O evento foi apresentado pelo lendário Kid Vinil, que entre uma banda e outra fazia um retrospecto da história do rock. O evento começou às 14h00 e foi encerrado às 22h00 pela banda 14 Bis.

Mariana Bernun

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Um outro olhar sobre o Mundo

Em algum lugar no Ocidente, o filho pergunta: Pai, o que é o Oriente Médio? O pai responde: Ah, filho, é um lugar no mundo onde as pessoas usam umas roupas estranhas, compram e vendem tudo, vivem em cima de um barril de petróleo, brigam uns com os outros, e de vez quando, elas se explodem em nome de Deus, Alá ou Jesus. Mas, pai, pergunta o menino curioso: Elas se explodem mesmo?! - Sim, meu pequeno George, sim.

Segundo o Portal do Governo do Estado de São Paulo, atualmente o estado possui mais de 40 milhões de habitantes, destes, milhões de imigrantes, muitos deles do Líbano, país que entre 22 de agosto e 20 de setembro é tema da exposição “Olhar, o Líbano” do fotógrafo paulista Cristiano Mascaro.

A exposição, parceria entre SESC SP e a Associação Cultural Líbano-Brasil, acontece no Sesc Vila Mariana em São Paulo e comemora o título recebido pela cidade de Beirute como a Capital Mundial do Livro em 2009, outorgado pela Unesco.

Ao todo são 76 fotografias que, inicialmente, evidenciam o contraste entre a tecnologia da arquitetura moderna e a milenar arquitetura romana, em uma Beirute onde o sol e o céu claro e límpido iluminam as ruas e as sacadas da cidade.

Em poucos olhares, viajamos pelo Líbano: de Zahle à Sidon, de Tripol à Bichare, de Byblos à Baalbeck, e o mesmo sol nos conduz das montanhas, até o terreno árido e seco da estepe.

Longe do imaginário ocidental criado pelas manchetes dos jornais, pelos conflitos com Israel e pela diversidade religiosa. Mascaro mostra um Líbano humanizado, vivo e pulsante.

O ápice da exposição, sem dúvida, é o espaço destinado integralmente ao povo libanês. As fotografias dos rostos, dos costumes e dos hábitos se completam como em um mosaico, e convidam o público a conhecer o cotidiano das crianças alegres que tranqüilamente brincam nas ruas, dos amigos reunidos jogando cartas, da mesa cheia de frutas, da culinária, do comércio ambulante, dos sorrisos, dos trabalhadores.

“Olhar, o Libano” não só homenageia o Estado Libanês e a cidade de Beirute, mas, também, reitera ao paulistano o poder geográfico-religioso-social-cultural-político que a região do Oriente Médio e seus descendentes exercem sobre o Mundo Oriental e Ocidental. A cada dia é mais importante guardarmos os velhos conceitos e preconceitos, e compreendermos de forma completa, e menos dependente dos mesmos veículos midiáticos, o atual quadro do mundo.

Cristiano Mascaro, fotógrafo e arquiteto, viajou ao Líbano, em 2004, para fotografar uma residência projeto da arquiteta Cândida Tabet, em Ghouma, perto de Beirute. Aproveitando-se da ocasião, iniciou uma viagem pelo país produzindo o material que compõe a exposição.

Cinema

Para os cinéfilos interessados no Líbano, uma dica é o filme “Caramelo”, produção francesa e libanesa, que está em cartaz em diversos cinemas da capital. No longa, rodado em Beirute, cinco mulheres conversam no salão de beleza sobre temas como amor, sexo, entre outros.

Thiago Luis

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Natureza Selvagem e Woodstock

No mês de comemoração de 40 anos do Festival de Woodstock (aguardem reportagem sobre), a primeira dica cinematográfica do blog é para o filme “Na Natureza Selvagem” de 2007. Não, antes que você imagine, o filme não é repleto de hippies, cigarros de maconha, LSD e elétricos riffs de guitarra. A relação com o memorável festival de 1969 é muito mais sutil e delicada. Essa relação está calcada principalmente na atitude e na desobediência das regras impostas pelo mundo moralista e capitalista no qual vivemos.

O longa, baseado em uma história real, conta a história do jovem americano Christopher J. McCandless, auto-intitulado Alexander Supertramp, que após concluir a faculdade, abandona a volumosa poupança no banco, o conforto de uma família rica e o futuro promissor para embarcar em uma viagem de buscas e descobertas pela América do Norte, desde de Atlanta até o destino final: Alasca.

Influenciado pelos escritores Tolstoi, Thoreau e Jack London, quem inspirou o movimento hippie. Chris encontra no dia-a-dia com a natureza, na abdicação do dinheiro e nos amigos que faz durante o trajeto, o verdadeiro e original sentido da vida e da felicidade. Longe do falso moralismo social, do comodismo, dos excessos, do consumo desesperado, da sociedade de personagens, do capitalismo, das regras dos pais e das mentiras.

Se nas décadas de 60 e 70, Jimi Hendrix, Janis Joplin e companhia foram até o limiar da vida, para mostrar ao mundo seus ideais de sexo, drogas, rock’n’roll, paz e amor como contraponto a intolerância, a guerra, e ao preconceito. Chris, na década de 90, faz o mesmo vivendo seus ideais de vida e contestando os métodos sociais que persistem até hoje. “Em vez de amor, dinheiro, fé, fama, equidade...me dê a verdade”, diz o protagonista.

No fundo, cabe a cada um de nós refletir, contestar, julgar e procurar meios para uma sociedade mais adequada e justa.

“Na Natureza Selvagem” recebeu duas indicações ao Oscar de 2008, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Edição. Na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2008 ganhou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro.

A trilha sonora ficou a cargo de Michael Brook, Kaki King e Eddie Vedder, vocalista da banda grunge Pearl Jam. A canção “Guaranteed”, cantada por Vedder, ganhou o prêmio de Melhor Canção Original no Globo de Ouro de 2008.

O roteiro e a direção do projeto foram realizados pelo famoso ator Sean Pean, ganhador de dois Oscars de Melhor Ator, em 2003 com “Sobre Meninos e Lobos” , e em 2009 com “Milk, A Voz da Igualdade”.

O filme é inspirado no livro homônimo de Jon Krakauer.

Thiago Luis

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Marcelo Camelo agita fãs em SP

Dia 14 de agosto, no SESC Pompéia em São Paulo, o Espaço Cultura foi conferir o show do cantor e compositor Marcelo Camelo. Em um ambiente intimista o carioca mais uma vez contagiou o público com suas canções do álbum “Sou”. Turnê que está desde setembro de 2008 na estrada, após o hiato da banda Los Hermanos.

A noite iniciou com a voz e o violão de Marcelo na música “Passeando”, e quem esperava um show com o molde dos anteriores, foi surpreendido com as canções “Fez- se mar” e “A outra”. Houve também um pedido de casamento no palco, além do grande entrosamento de Camelo com o público.

Felipe um fã entrou em contato com a produção e surpreendeu todos os presentes, inclusive a namorada. Subiu ao palco chamado pelo cantor, e declarou que Los Hermanos foi à banda da vida de muitas pessoas, inclusive a dele. Com palavras carinhosas pediu a namorada em casamento. O Show seguiu com a música “Morena”.

Para acompanhar Camelo, estavam presentes os músicos Fernando Cappi (guitarra), Marinho (guitarra), Guilherme Granado (vibrafone e teclados), Marcos Gerez (baixo), Maurício Takara (bateria), Rogério Martins (percussão) e Bubu (trompete).

O público em coro seguiu o cantor em hits como “Doce Solidão”, “Janta”, “Mais Tarde” e "Menina Bordada". Durante o show as pessoas gritavam -‘Além do que se Vê’. Quando o momento tão esperado chegou todos ficaram em pé acompanhando a saída de Camelo e da banda Hurtmold. O ‘bis’ foi pedido, porém o final do show era aquele.

Agora a expectativa dos fãs é aguardar o lançamento do DVD que será a despedida de “Sou’’. O ultimo show será realizada em Salvador (BA) onde Marcelo Camelo iniciou a turnê. Logo após terminar, o cantor iniciará novas composições para a gravação do segundo Cd solo.

Se o ex Los Hermanos agradou com seu experimentalismo, com músicas mais instrumentais seguidas de batidas de jazz, o olhar agora é para o que virá a seguir.

Vamos aguardar!

Mariana Bernun