Era domingo o teatro estava com a platéia quase cheia dividida entre pais, filhos e amigos. Era a 18ª apresentação do musical O Despertar da Primavera. O soar da campanhinha anunciava o início de uma viagem sem passagem de volta.
Durante todo espetáculo eram percebidos olhos atentos, algumas risadas, algumas indignações e entre uma música e outra, sonoros aplausos dos 856 espectadores que lotaram a capacidade do teatro.
Acontecia naquele momento o mais ousado musical da Broadway...
A peça retrata as dúvidas, inseguranças, e os conflitos da juventude. A sexualidade é tema central seguido de assuntos como estupro, incesto e suicídio. Foi escrita em 1891 pelo alemão Frank Wedeking, que submeteu à sociedade da época muita polêmica. Este conservadorismo do século XIX também é um coadjuvante importante na peça, no qual, é mostrada a opressão com os jovens por parte da igreja, dos pais e também no meio escolar. Entretanto, a coragem em lidar com assuntos como estes não foram bem quistas aos olhos dos tradicionalistas, logo a peça foi proibida na Alemanha.
A obra só recebeu destaque em 2006, quando ganhou de Duncan Sheik e Steven Sater a versão em musical. A mistura do rock´n´roll com o texto clássico de 1891, fez com que as críticas após 25 anos da peça original, fossem positivas. Desde a estréia na Broadway já são oito prêmios Tony, incluindo melhor musical, melhor texto e melhores letra e música.
No Brasil ‘O Despertar da Primavera’ chegou apenas em 2009, com a adaptação dos diretores, Charles Moeller e Claudio Botelho. Já consagrados pelos musicais ‘A Noviça Rebelde’, ‘Avenida Q’, ‘Beatles Num Céu de Diamantes’, entre outros. Mas com certeza o despertar ficará entre os primeiros musicais mais comentados dos diretores pelo tom juvenil e polêmico que contém.
Apesar de o momento ser o auge da modernidade e dos avanços tecnológicos ainda existe o tal do preconceito na sociedade. É por isso que é pertinente quando temas como os que foram levantados há dois séculos, sejam reiterados nos dias de hoje. Pois mesmo com o passar dos anos ainda sim são tabus a serem quebrados e discutidos.
No final desta 18ª apresentação em São Paulo do "Despertar" fui tomada pela magia sonoridade e excelência de um dos melhores musicais que já assisti. Recomento!
Mariana Bernun
Muito bom, Mari! Muito bem organizado seu blog. Seu texto está ótimo e, se o musical não fosse tão caro, iria esta semana mesmo...hahaha... brincadeira... :)
ResponderExcluirbjão,
Emerson!
Ótimo texto, Mari!
ResponderExcluirQuem me dera escrever como você! :P
Quanto ao musical, eu não sei se gostaria dele, mas eu confio no seu julgamento! rsrs